Se você não posta, não existe.

Sejamos honestos: a vida hoje acontece, em grande parte, nas telas. Se você não está postando, o que você está fazendo? É como se a própria existência se dissolvesse.

Não postou aquela foto com seu melhor amigo? Amizade abalada. Não publicou os stories da viagem? A viagem nem aconteceu. E assim surgem as suposições que, ironicamente, se tornam a nossa nova realidade social.

O Contraste de um Passado Lento

Essa pressão incessante revela uma mudança profunda na forma como nos relacionamos e, principalmente, como nos enxergamos.

Olhando para um tempo nem tão distante, a paciência era uma prática diária. Lembra de como demorava uma eternidade (pelos padrões de hoje) para baixar um arquivo? A comunicação era lenta: por carta, telefone, ou o simples, mas poderoso, ato de se deslocar até a casa de alguém. Na TV, a gente assistia ao que o canal oferecia, escolhendo o que mais agradava dentro de opções limitadas.

Hoje, a história é outra. Com a explosão de opções e a velocidade vertiginosa, perdemos capacidades valiosas.

O Custo de Estar Online O Tempo Todo

A regra implícita é clara: você precisa estar online o tempo todo, divulgando seu trabalho, mantendo sua vitrine virtual impecável. E, quase sempre, a pressa é tanta que raramente nos dedicamos a ler textos mais longos e reflexivos como este.

Com a expansão da internet, também cresceu em nós, exponencialmente, o desejo de validação do outro. Publicamos para que o outro veja, para que o outro ache, para que o outro, enfim, nos valide.

E o mais preocupante: esse comportamento está começando cada vez mais cedo. Crianças já nascem imersas nesse universo digital, absorvendo e praticando a busca por essa validação externa desde a infância.

A Grande Questão: O Que Está Por Trás da Tela?

Historicamente, o ser humano sempre quis ser visto. Desde que fazíamos pinturas nas cavernas em busca de comunicação, essa necessidade existe. É natural.

A grande questão de hoje, no entanto, não é o desejo de ser visto, mas sim o que, de fato, se esconde por trás dessa necessidade implacável de visibilidade.

A que custo essa busca por validação externa silencia a nossa voz interior?

Será que estamos tão ocupados "existindo" online que estamos nos esquecendo de viver de verdade?